Eu sou professora da
Escola Municipal Água Limpa, um Distrito pertencente à Nova Ubiratã-MT, embora
minha cidade natal pertença ao Estado de São Paulo, uma cidadezinha próxima à
Presidente Prudente-SP. Cheguei ao Mato Grosso em 1988, morei no Estado e
trabalhei na Educação durante três anos, mas por motivo familiar não tomei
posse do Concurso Público Estadual realizado por mim, em Língua estrangeira –
Inglês, - do 2° grau, pois na época fui a única a escolher esta disciplina e
assim não houve competição, mas a minha família era a prioridade no momento,
havia perdido há poucos dias a minha mãe, e o meu pai necessitava de acompanhamento,
fiz a escolha certa deixando tudo e voltando para minha terra. Depois de alguns
anos voltei para o Mato Grosso, e passei por algumas cidades até passar no
concurso Municipal de Nova Ubiratã, e escolhi o Distrito o qual estou há quase
nove anos. Em minha cidade natal, no interior de São Paulo, após ter voltado,
passei um tempo em casa servindo o lar, e correndo atrás das bibliotecas, pois
a leitura compensava as perdas, e enriquecia-me culturalmente. Quando criança
os meus cinco sentidos eram aguçados, principalmente por morar em uma reserva
de mata natural que fazia divisa com a cidade. Encantava-me com o nascer e o
por do sol, sem contar com a formação de jardins em volta da casa que era lei
naqueles tempos. E através desses jardins, pássaros, flores silvestres, e tudo
mais que a natureza apresentava a minha leitura mundo enriquecia-se, pois comecei
a identificar as cores, com o desabrochar das flores, sentir os aromas, vindo
das flores, ouvir os cantos dos pássaros, os relâmpagos seguidos de trovões que
clareavam a nossa humilde casa de madeira, cheia de frestas, que até então era
iluminada por lamparinas confeccionadas em casa. A cidade era muito arborizada,
e as árvores eram envolvidas por redes, balanços, bancos, onde o pessoal se
encontrava para contar causos, e as crianças ficavam atentas às histórias, pois
o meio de comunicação além do rádio era esse. As pessoas vizinhas de nossa casa
compartilhavam conosco: as alegrias, as tristezas e as orações nas doenças que
para os médicos não havia possibilidades de cura, e como a fé era o dom maior
do ser humano, muitas pessoas se curavam. Ao entrar na escola fui alfabetizada
com a cartilha Caminho Suave, e posso dizer que a leitura, escrita e
interpretação me transformaram em uma adepta dos livros. Li fotonovelas,
faroestes, romances, a coleção de psicologia relacionada à Freud, livros de
autoajuda, esotéricos, The Best Sellers e livros na área da Educação, tais
como: Paulo Freire, Içami Tiba, Piaget, Vigotsky, Celso Antunes, Flávio
Gicovate, e muitos outros, mas li dois livros inesquecíveis: O Pequeno Príncipe
e Fernão Capelo Gaivota que me ajudou nessa caminhada. Esses fragmentos faz
parte do meu passado. Vou participar de uma trilha na mata que me remeterá há
anos bem vividos e completos.
Rosa Maria Fernandes de Souza. 20/10/2014
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