quarta-feira, 15 de outubro de 2014

PERFIL - Ivera Vaz de Lima



Sou Ivera Vaz de Lima... Seria comum, mas esse I faz toda diferença.  Nascida em 1963 no Estado de São Paulo em Bofete na encosta da serra aos pés de um gigante adormecido (conjunto de morros, uma lenda), tive as duas realidades (cidade e campo), morava numa chácara dentro da zona urbana. Educada por um casal nada comum, simples por condição e na essência muita nobreza. Orientada por meu pai dono de uma invejável posição dentro de casa, disputado por todas nós meninas, o momento da sua recepção no final da tarde depois de um dia de trabalho, fala baixa, observador, carinhoso, mas reservado. E minha mãe um verdadeiro rouxinol, que bem de manhã embora um céu sereno anunciasse o dia que ia chegar acordando toda a vizinhança.   Aprendi cedo que na multiforma de viver é necessário dispensar a resignação e preservar o bom humor, a fé e determinação, encarar a vida como se fosse um grande palco porque nela vão estar presentes as mais inusitadas situações, e todas elas vão nos levar a um autoconhecimento ainda que tardio e que na escola da vida nem sempre somos aprovados. Os velhos e atuais conselhos ficaram: não reclame, não lamente aos ouvidos alheios, siga em frente de cabeça erguida, pois difere dos animais, é filha de rei então seja uma verdadeira princesa. De formação evangélica, acreditando num reino que está por vir frequentava a escola dominical e lá se deu os primeiros contatos com a alfabetização, e a sede pelo saber fazer; encantava-me com os acontecimentos à minha volta. Tive a felicidade de ser bem assistida por professores inteligentes, sinestésicos, criativos, influenciada por muita música, teatro, esporte, e outros grandes eventos. Convivendo com os seis irmãos com exceção ao um único homem, para nós as mulheres a regra era se tornar professora depois, livre pra fazer o que bem quiser. Então fui pra cidade Sinfonia Porangaba cursar o magistério e lá encontrei oportunidades únicas, mais teatro, banda e a biblioteca à minha disposição com todas as referências literárias que determinariam o meu lado leitor.  Descobri que gostava mais do queria do ambiente escolar, pois me oferecia viajar todos os dias, sempre generosa, lugar de erros e acertos e assim fui ficando, e com apenas 19 anos assumi a minha primeira sala de aula, já morando na capital de São Paulo... Embevecida pelos conhecimentos dos Freires e outros tantos que coordenavam a capacitação dos professores... Resolvi cursar a faculdade de Educação Física, queria entender melhor esse corpo que se mexe, que reage e que quer sobreviver e poder oferecer muito mais... E novamente o encanto testemunhou a minha boa escolha, resignificar algo que já está tão intrínseco dentro de mim, poder transmitir experiências, porque aprender é experimentar, e ensinar é experimentar com o outro aquilo que você acredita. Transmitir algo de bom passou a ser verdadeiramente um sacerdócio, nas escolas, igrejas, hospitais, ruas e praças através de projetos sociais, um ofício permanente na cidade de Avaré até tomar a decisão de participar de um desejo antigo do meu marido, alguém que possui uma conexão incrível com a natureza e que me trouxe ao Mato Grosso para desfrutar de toda a magia que envolve essas terras e essa gente. Teria que romper com todos os meus conceitos, estaria do outro lado das cenas de preservação do meio ambiente que víamos nos anúncios e programas de televisão, tornou se uma aventura maravilhosa para nós e nossos filhos. Em dezembro de 2001 chegamos à Gaúcha do Norte, fomos bem recebidos, e nos apaixonamos pelo MT, essa nova maneira de viver nos convenceu a permanecer, adquirimos umas terras abeira do rio Jatobá. Temos um projeto em família ao qual queremos dar continuidade... Somos quatro e de laços fortalecidos, mas precisávamos da escola e por isso optamos vir pra Água Limpa, meus filhos estudaram nessa escola, onde estou também, criado com essa realidade “o campo se fundindo ao urbano e ultrapassando fronteiras,” essa é a nossa formação, sim porque continuo na escola, aprendendo e sei que o campo às margens do rio Jatobá onde eu pretendo ficar será sempre um lugar de renovação e de saberes.









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