Perfil - Leila Pelicer

Leila Pelicer

Professora de História

Comente sobre você,sua vida,sua família.

Recebi esse nome do meu pai.Leila não foi do agrado de todos,pois já tinham escolhido outro nome,mas como tudo na vida depende um pouco de sorte,o meu veio em um sorteio,e pra ser bem sincera,gosto muito dele,curto e expressivo.Tenho 27 anos,sou casada e estou grávida,a espera pelo bebe é grande,e a preocupação com o mundo que espera por ele(a)também.Minha família esta crescendo,e pra alegria da minha mãe, vou ser mãe.

Posso afirmar que sou agraciada por Deus,pois tenho uma família(nada convencional é claro)que me admira e me respeita,temos nossas divergências,mas nada que um samba não resolva,sou paulista e acredito que o samba é a trilha sonora da minha vida e da minha família,conta nossa história.

Moro no meu sítio,que o meu esposo conquistou junto ao movimento social MST,tenho 4 cachorros,1 gato e 1 periquito,fora os animais de criação.

Tenho poucos amigos,mas assim como perolas,são raros e preciosos.

O que posso dizer mais ...sou muito feliz,mas tenho um coração inquieto,sempre esperando algo novo!

Por que se tornou educador em escola do campo?

Terminei o curso de História em São Paulo em dezembro de 2010,o que para mim foi a realização de um sonho.Sou a 9° de 9 filhos de d’Anita e seu José,que por morarem a infância e adolescência no campo(1950 a 1960) concluíram apenas a antiga 4° série,vieram aos 19 anos para a capital paulista e devido a mão de obra não especializada e a pouca escolaridade tiveram empregos com baixos salários,o que refletiu na educação dos filhos que aos poucos foram deixando a escola pra ajudar meus pais no complemento da renda familiar.Essa era a realidade brasileira nas décadas de 60,70,80,90 e ainda hoje em muitos lares não apenas no Brasil,mas em outros países subdesenvolvidos  também.Nosso nação,emergente,melhorou muito essa realidade,eu sou um exemplo disso,a única de 9 irmão a completar um curso superior,isso é reflexo de políticas públicas de qualidade mais o incansável papel do educador.

 O meu objetivo era voltar pra sala de aula e falar pra cada criança e adolescente que ele pode ser qualquer coisa se ele se atrelar a educação,que a educação é uma ponte para um mundo cheio de oportunidades,e é isso o que eu faço,acredito que o que eu mostro é a esperança e expectativa de uma realidade futura com mais qualidade e igualdade entre as pessoas,sempre através da educação.Encontrei no campo, olhos e ouvidos atentos e ansiosos por isso,o que me enche de contentamento quando vejo que cheguei ao intimo deles e delas,como se fosse uma semente plantada,os que ainda não alcancei,vou continuar tentando.

Como você vê o ensino nas escolas campesinas?

É uma grande conquista,ter o direito de finalmente trazer a verdadeira realidade do educando(a) para sala de aula,mas,como tudo na história da educação, exige perseverança com uma boa dose de paciência,pois os materiais necessários para desenvolver essa forma de educação demoram a chegar,quando chegam,há uma grande carência de cursos de capacitação dos professores(as) especializados para o campo,concurso público pra profissionais pro campo,estrutura física e material voltada para a realidade e necessidade local,sem contar problemas com estradas na época das “águas” principalmente,entre muitas outras limitações,o que careceria de um olhar mais atento e diferenciado dos nossos governantes também.Há muito o que se fazer,mas a cada material que conquistamos,por menor que seja,já é uma vitória.O direito esta “garantido”, só temos que fazer valer e ficar sempre alerto e pronto pra lutar por ele.

O educador do campo é um guerreiro,pois trabalha em meio a adversidades múltiplas e  faça chuva ou sol se encontra lá, todos os dias batalhando pela educação.

Quais são as suas expectativas quanto a trilha?

Vejo nessa formação a oportunidade de proporcionar a educação no campo como realmente deveria ser,a teoria e a prática pautada no processo vivido  dos nossos educandos(as),pois a trilha em si,aliada com o pedagógico nos traz inúmeras oportunidades de trabalhar nossa realidade local assim como os nossos problemas,temos também a expectativa de mostrar para eles as nossas belezas naturais,e momentos de lazer e reflexões sobre a natureza,o criador,o respeito enfim,tudo o que nos cerca e muitas vezes deixamos de olhar.